Captura e Armazenamento Geológico de CO2

16/11/2023 12:01

A Captura e Armazenamento de Carbono (CCS, “Carbon capture, utilization and storage”) é uma prática que visa ciclar o carbono removido do subsolo para que ao invés de permanecer na atmosfera, volte ao arcabouço geológico não intensificando o efeito estufa.  Com o passar dos anos, as ações sobre esse tema vem se tornando cada vez mais práticas.

Sabendo que os níveis de CO2 atmosférico vem aumentando sem previsão de diminuição, é extremamente necessário realizar planos setoriais de mitigação das mudanças climáticas que envolvam o metas no âmbito público e privado. Sabendo das implicações ambientais frente a esse aumento, foi proposto em 2022 no Brasil o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e propostos projetos de lei referentes a exploração da atividade de armazenamento permanente de CO2 em reservatórios geológicos ou temporários, e seu posterior reaproveitamento. O processo de créditos de carbono são recompensas fiscais baseadas em legislação para incentivar o estoque e a compensação das emissões de carbono .

Créditos de carbono: Ações para o incentivo da redução dos gases estufa

 

Além de contribuir para a transição energética, favorecendo processos que culminam em emissões negativas, e auxiliando na mitigação daqueles que envolvem as emissões que não podem ser evitadas, as tecnologias de CCS aplicam-se a setores variados da indústria, como alternativa no cumprimento dos objetivos e metas climáticas.

Os projetos de CO2 envolve as seguintes etapas principais:

  • CAPTURA: Tecnologias que capturam diretamente o CO2 do ar ou de fontes como plantas industriais.
  • TRANSPORTE: Movimentação do CO2 comprimido do ponto de captura ao ponto de estocagem e/ou utilização.
  • ARMAZENAMENTO: Estocagem em subsuperfície, em estruturas geológicas em terra ou mar.
  • USO: Utilização do CO2 como insumo de produtos ou serviços.

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Máquina de captura de gás carbônico com o objetivo de estocagem. Fonte: swissinfo

A depender das propriedades geológicas específicas, vários tipos de formações podem ser usadas para armazenar CO2 . Dentre os principais sítios/tipos de estocagem subterrânea estão:

  • reservatórios de óleo e gás, de campos ativos ou depletados;
  • formações geológicas contendo água altamente salina (reservatórios salinos);
  • jazidas de carvão não minerável;
  • folhelho rico em matéria orgânica e basalto.

Essas rochas são escolhidas por comportarem volumes muito maiores quando comparados às demais opções, os reservatórios de óleo e gás e as formações com águas altamente salinas são aqueles com os projetos mais avançados.

A etapa de caracterização e seleção dos sítios de armazenamento deve envolver, minimamente, as seguintes informações:

  • TIPO E QUALIDADE DO RESERVATÓRIO: Porosidade (> 15%), permeabilidade (> 10 mD) e espessura efetiva (> 15 m) são essenciais para saber a capacidade de injeção e estocagem. Uma vez que o armazenamento do gás ocorre em um estado supercrítico, a profundidade mínima estimada do reservatório deve ser de 800 metros.
  • EXISTÊNCIA DE ROCHA SELANTE: Reconhecer a presença e a espessura (preferencialmente maior do que 50 m) sobre o reservatório é fundamental.
  • MAPEAMENTO DE FALHAS OU FRATURAS: Voltado à identificação da integridade das estruturas envolvidas e eliminação do risco de fuga do CO2 .
  • TECTÔNICA LOCAL: Sismicidades baixas devem ser priorizadas à fim de garantir a integridade do projeto.
  • COBERTURA DE DADOS DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA: A existência de levantamentos de sísmica 2D e 3D, bem como de poços exploratórios com o registro de perfis digitais, contribuem para a caracterização das camadas.
  • MALHA DE POÇOS PERFURADOS: A interferência sobre as camadas de rochas selantes compromete a unidade da estrutura de armazenamento. Poços abandonados e preservados devem ser selecionados, evitando a competição com atividades produtivas ativas.

A utilização de CO2 para melhorar a recuperação de hidrocarbonetos costuma ser, muitas vezes, elencada nas discussões sobre armazenamento de CO2 . No Brasil, a técnica de recuperação aprimorada de óleo (do inglês, enhanced oil recovery – EOR) é, há anos, aplicada pela Petrobras nos campos do pré-sal. O projeto desenvolvido pela empresa destaca-se por ter sido o primeiro de separação do CO2 associado com gás natural em águas ultraprofundas, registrando, em uma lâmina d’água de 2.200 m, o recorde do mais profundo poço de injeção de gás CO2 .

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